Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)
Há muito que ele era esperado. Daniel o viu vindo entre as nuvens do céu, vindo como um filho de homem (7,13). Pilatos também ouvira dizer sobre seu reinado, mas como era dominado pela perversidade e mentira não deu ouvidos aos múrmuros. Por isso Jesus lhe perguntou: você fala isso por si mesmo ou outros te disseram a meu respeito? Desfecho trágico de inúmeras vidas: ouvir dizer e não procurar. Mas os olhos que ousaram fitar além do aparente, puderam contemplar a imagem daquele “que vem entre as nuvens”.
Seguidores de doutrinas orgulhosas e rancorosas viraram-lhe a cabeça. O rancor e a vaidade dos tapumes não deixam ver através das nuvens que encobrem o céu. Mas para quem empreendeu a jornada de segui-lo, mesmo quando a sua realeza ainda estava velada, pode admirá-la e encher-se de espanto e alegria.
Foi assim foi que apareceu o Rei sobre o mundo! Os que eram seus quase não o reconheceram. Era altivo e parecia ter crescido ainda mais. Sua forma, forjada na eternidade e expandida para ser a medida de toda forma do bem e do belo que existe, surgiu em sua essência, vistosa aos olhos dos crédulos e incrédulos.
O Rei sobre o mundo confundiu os orgulhosos e arrogantes, porque se desvestiu daquilo que os senhores sombrios e gananciosos mais queriam: o dinheiro, o poder, a fama, e serem como Deus.
Ao rejeitar essa parafernália, não podemos deixar de sentir maravilha, principalmente quando pensamos que o testemunho do Filho de Deus foi o oposto ao do tentador. Não podemos perder o vislumbre da derrota daquele senhorio perverso, e de quanto trôpegas foram as suas presunções, ao tentar tomar e aniquilar um certo tipo de reino, que pensava ele, fosse o pretendido por Deus.
Ao ver o próprio Deus revestido de humanidade e se elevando sobre todas as coisas, o senho malvado foi derrotado e compreendeu a derrota de suas maquinações. Seus próprios planos mergulharam na frustração infinita de ter errado a estratégia desde sempre.
O Reino de Cristo é confiança e lealdade, e o tem como único Senhor vitorioso. Ao instituir a superioridade do arado sobre a espada e da bondade sobre a força e a violência, mal sabíamos que isso foi planejado no coração de Deus, em um tempo onde nem os primeiros anjos ainda conheciam o Filho, pois a Trindade não foi clara desde o começo para eles.
Por isso, o ser humano, no início também era desconhecido para o arcanjo caído, e, só mais tarde, quando ele invejou cuidado que o criador dispensava as suas criaturas, foi que ele lhe prestou atenção.
Entretanto, porque desconhecia que a humanidade existia para o Filho, nunca pôde entendê-la com clareza, e todas as vezes que tentou dominá-la as coisas nunca acabaram bem. Aos seus olhos somos livres e peculiares.
A dúvida, porém, foi dirimida, pois Jesus Cristo, Filho eterno do Pai, revelado nos últimos tempos, fez-se conhecer.
Ao desprezar todas as coisas que os senhores sombrios julgavam necessárias para reinar, e abraçar aquilo que o mundo desprezava, Jesus ensinou que o seu reinado vai além deste mundo, e se estabelece sobre o próprio mundo!