Como um só

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Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)

Antes da missão vem a unidade. O universo recapitulado em Cristo exige que sejamos um, pois só assim não perderemos o propósito.

Marcos, ao narrar o proto Evangelho, está consciente da essencialidade da unidade. Após dar início a narrativa que começa pelo chamado de Simão, dos três primeiros, e de Levi, em 3,15 revela o sentimento necessário para os que são chamados ao discipulado na Igreja: “constituiu doze para que ficassem com ele”.

O número passou a nome próprio. Doze não é mais a descrição numérica de vários indivíduos chamados a viver as suas próprias vidas e a alcançarem uma realização comum. Doze é a definição daqueles que não podem mais se separem entre si, nem daquele que os constituiu.

São Doze para alguém, Jesus; e para uma finalidade, anunciar o Reino de Deus.

Os Doze como, um só, é a novidade deste discipulado que marca a Igreja já a partir de sua origem. De fato, é aos Doze que Jesus dá a missão, não a cada um em particular. “Chamou a si os Doze e começou a enviá-los dois a dois” (Mc 6,7).

Ao chamá-los como Doze e enviá-los em duplas, Jesus garante várias coisas.

Antes de tudo, garante que nenhum missionário deslumbrado consigo mesmo possa se sentir o iluminado. Os Doze são como um presbitério, onde o valor e eficácia só se mostra na totalidade dos membros e o resultado só é promissor com a colaboração de todos. A missão encontra o seu valor quando é realizada pensando no agora e no depois. É atividade que resolve as questões do hoje para que o amanhã possa continuar, como bem nos recorda São Paulo: um semeia outro colhe.

Os Doze que tenderiam a aumentar com o tempo, até o número incontável descrito no Apocalipse, sabe que não é para eles mesmos que fazem. Nem por eles mesmos. Fazem por aqueles que virão, fazem pelo tempo do porvir. O fazem porque outro lhes permitiu fazer.

Jesus chama cada um por sua vocação, mas os envia como um só: os Doze. Assim foi, assim é. Jesus envia a Igreja e não os indivíduos. Aqueles que se deslocam seguem o caminho do desagarro e logo se encontram desamparados, fundam as suas próprias igrejas e “corpo doutrinário”, para depois, por não suportarem as exigências de Cristo, separam-se dele, tornando-se referências de si mesmos e negando, por fim, o próprio Cristo.

Como Um só é que se alcança o limiar e a eficácia da missão, pois ela necessita, antes de tudo, de um discipulado edificado sob Jesus Cristo e dentro da Igreja que foi deixada no mundo como Corpo Místico.

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